O uso de inteligência artificial (IA) em processos seletivos vem transformando a forma como empresas contratam — e também a experiência dos candidatos. Plataformas automatizadas que analisam respostas, expressões faciais e tom de voz estão sendo adotadas por grandes corporações no Brasil e no exterior para otimizar tempo e reduzir custos.
Embora o modelo traga eficiência e rapidez às etapas iniciais, muitos profissionais relatam que a experiência é “fria” e “impessoal”, levantando um debate sobre até que ponto a tecnologia pode substituir o olhar humano no recrutamento.
“O tempo foi otimizado, mas a entrevista se tornou desumanizada. Falar com uma máquina tira o fator emocional e empático do processo”, contou uma candidata que participou de uma seleção 100% conduzida por IA.
Empresas defendem praticidade
Segundo especialistas em recursos humanos, as plataformas de IA conseguem filtrar grande volume de candidatos em poucos minutos, aplicando critérios técnicos e de perfil previamente configurados.
“A ferramenta ajuda a eliminar vieses inconscientes e padroniza a triagem, permitindo que os gestores recebam apenas os perfis mais alinhados à vaga”, explica a consultora de carreiras Marina Rocha.
Empresas de tecnologia afirmam que o uso da IA não visa substituir o RH humano, mas tornar o processo mais ágil. Em muitos casos, as entrevistas com máquinas funcionam apenas como uma primeira etapa, antes da conversa com o recrutador.
Preocupação com a humanização
Por outro lado, psicólogos e analistas de comportamento alertam que a falta de contato humano pode afetar a avaliação emocional e o engajamento do candidato.
“A leitura de dados não traduz empatia, improviso ou valores humanos. Há competências que só um recrutador consegue perceber olhando nos olhos”, afirma o psicólogo organizacional Eduardo Linhares.
Tendência sem volta
Mesmo com as críticas, a adoção da IA em processos de contratação deve crescer. De acordo com estimativas do setor, até 2027, mais de 60% das grandes empresas brasileiras devem empregar algum tipo de automação em suas seleções.
A tendência mostra um futuro em que a tecnologia e a empatia precisarão coexistir, exigindo das empresas um equilíbrio entre eficiência e humanidade.
